Trump, Brasil e o risco de tarifas

Cristian Pascoal Gomes

17 January 2025

11:27

Alan Santos/PR

A posse de Donald Trump gera incertezas sobre a política comercial americana, especialmente em relação à imposição de tarifas. O Brasil, importante parceiro comercial dos EUA, é mencionado como um possível alvo, devido à negativa do STF ao pedido de Jair Bolsonaro para viajar à posse. Fontes próximas a Trump relacionam essa decisão a uma suposta perseguição política, semelhante à que o ex-presidente americano alega ter sofrido. A ameaça de tarifas, segundo o Wall Street Journal, visa pressionar países considerados culpados por tal prática.

Entretanto, especialistas demonstram cautela. A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) pondera que é preciso aguardar ações concretas, diferenciando retórica de medidas efetivas. A balança comercial bilateral, com superávit americano em 2024 (US$ 253 milhões), e a contraproducência de tarifas para a maior economia mundial, sugerem que um “tarifaço” generalizado ao Brasil seria improvável. Analistas como Dani Rodrik, da Harvard Kennedy School, questionam a eficácia das tarifas como solução para déficits comerciais, apontando para a ineficiência e a inflação geradas. A possibilidade de redirecionamento de exportações para outros mercados, principalmente a China, também é considerada, mas com ressalvas quanto à sua efetividade a longo prazo. A influência chinesa, crescente no comércio brasileiro, e a competição com os EUA em produtos agrícolas, como soja e milho, adicionam complexidade à situação. As reações de outros países, como México e Canadá, que também enfrentam ameaças tarifárias, demonstram a abrangência das potenciais consequências das decisões de Trump.